Em
Democracia há uma barreira que os governantes não podem ultrapassar. É a
barreira que divide o respeito da falta dele. Quando os governantes por
palavras, actos e omissões perdem o respeito do Povo estão condenados. Quando
governam dentro do território da respeitabilidade têm a solidariedade dos seus
apoiantes e a paciência dos demais. Quando começam a governar fora desse
território, quando perdem o respeito do Povo, são objecto de repúdio colectivo,
mesmo entre aqueles que os apoiaram. Estes últimos podem até nem manifestar
esse repúdio de forma ruidosa (sentem alguma vergonha por os ter apoiado), mas
o asco é o mesmo (senão mesmo superior).
Este
governo perdeu o respeito do Povo. Perdeu o respeito do Povo porque não se deu
ao respeito, desbaratando toda a sua respeitabilidade, e não respeitou o Povo.
Foram
várias as causas que levaram a essa perda de respeito.
A
primeira delas foi, com quase toda a certeza, a incompetência governativa,
comprovada pelos péssimos resultados.
A
segunda foi a descredibilização de vários dos seus ministros, uns por se tornarem
ridículos, como o ministro da economia, outros por se terem revelado “chicos
espertos”, como o ministro dos assuntos particulares e ainda outros por se
terem revelado um bluff, como o ministro das finanças.
A
terceira foi a manha na actuação. Um governo manhoso, que tenta por Portugueses
contra Portugueses, que escolhe as meias-horas antes dos jogos da Selecção para
dar as más notícias, que escolhe lebres para lançar o barro à parede (António
Borges por exemplo), é um governo que é facilmente desmascarável.
A
quarta foi a mentira. Este governo fez tudo que prometeu não fazer.
A
quinta foi a arrogância e a estigmação dos mais fracos. O governo falou sempre
do alto de um pedestal como se o Povo fosse estúpido e o governo uma equipa de
iluminados. O governo desprezou publicamente os jovens, os desempregados e os
economicamente mais frágeis.
A
sexta foi a ignorância. Ignorância sobre a economia real, ignorância sobre o
País real e ignorância sobre a própria máquina administrativa do Estado.
A
sétima foi a sua particular sanha aos “poderes intermédios”, atacando de forma
soez o “Poder Local”, tentando fazer dele o bode expiatório para todos os males
e retirando-lhe competências todos os dias.
A
oitava foi o desprezo em relação à Classe Média. Este governo tudo faz para a
destruir, usando como garrotes principais a diminuição salarial e a asfixia
fiscal.
A
nona foi a aversão ao trabalho, aos rendimentos do trabalho e aos
trabalhadores, fazendo da diminuição dos custos do trabalho a única alavanca
económica.
A
décima foi a clara submissão aos especuladores, ao grande capital e à chanceler
da Alemanha.
O
governo de Passos Coelho perdeu definitivamente o respeito do Povo. O governo
de Passos Coelho perdeu definitivamente o País. É bom que entenda isto e se
demita. Senão o fizer o Povo vai agir.
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